[CATIE] Comunidades de Aprendizagem Transformativa para a Inclusão Educativa

Duração: 2020 – 2023

Investigador Responsável

Luís Tinoca

Membros da Equipa

Tiago Tempera

Linha de investigação:
Educação, Cidadania e Inclusão

A inclusão educativa é hoje reconhecida como a forma mais eficaz de concretizar o direito de todas as crianças e jovens a uma educação de qualidade, porque parte do reconhecimento e da valorização da diversidade para propor uma mudança na organização da escola, dos currículos e do processo ensino-aprendizagem. Em Portugal, o Decreto-Lei 4/2018, refere que a escola deve providenciar respostas ajustadas à diversidade de características dos alunos com a adequação dos processos de ensino e mobilizando diversos meios para a aprendizagem e participação. Contudo, organizar a escola, os currículos e o processo ensino-aprendizagem para dar uma resposta à diversidade de ritmos e estilos de aprendizagem, de interesses, motivações e expectativas, e à diversidade cultural, linguística, e socioeconómica não é um processo fácil. Este processo requer, num primeiro momento, uma sensibilidade e reconhecimento desta realidade e, num segundo momento, uma mudança de crenças e práticas que permitam encontrar respostas ajustadas a essa realidade.

A formação em contexto de trabalho, que inclua uma componente prática, deliberativa e reflexiva de pendor ético, ecológico e crítico, envolvendo processos colaborativos entre professores tem sido apontado pela nossa equipa como um fator facilitador de mudança. Contudo, por vezes a colaboração entre professores envolve apenas uma reflexão superficial que não permite colocar em perspetiva um conjunto de conhecimentos e crenças prévias, não levando a efetivas mudanças de práticas. E nesse sentido, alguns estudos têm vindo a apontar a importância de se desenvolverem parcerias escola-universidade, no seio das quais se podem trocar ideias e experiências e avaliar e refletir sobre as práticas à luz de novos conhecimentos. Para além disso, alguns estudos têm vindo a apontar a importância de se considerar as vozes dos alunos, no sentido da sua participação ativa na tomada de decisões e da promoção de participação nas suas comunidades escolares, mas que poucos processos de intervenção efetivamente o fazem.
Com base nisto, perspetivas sistémicas de intervenção na escola têm vindo a ganhar força e, em particular, o desenvolvimento de comunidades de aprendizagem na escola, envolvendo não só professores, como também alunos e outros elementos da comunidade educativa. As Comunidades de Aprendizagem Transformativa (CAT) surgem aqui como uma proposta de criação de contextos de colaboração pautados por uma orientação sócio-reconstrucionista e propósitos emancipatórios, que possam dar resposta a necessidades sentidas nas escolas, dando origem a aprendizagens transformadoras dos diversos participantes). Com efeito, as CAT, ao facilitar a pesquisa e a reflexão crítica em conjunto, podem favorecer a mudança de pensamento e de práticas, a criação de laços e a transformação da cultura escolar no sentido de uma maior equidade, com ganhos significativos no comportamento e aprendizagem dos alunos. Para tal, é fundamental a criação de estruturas de participação, que incluam a organização de espaços e tempos de encontro, a formação de equipas de trabalho interdisciplinar e o desenvolvimento de processos colaborativos eficazes.

Apesar de inúmeros estudos focados em comunidades de aprendizagem, poucos têm explorado de que forma as comunidades podem facilitar o desenvolvimento de escolas inclusivas, i.e., de escolas capazes de dar resposta à diversidade de necessidades, ritmos, expectativas, envolvendo todos os alunos em experiências de aprendizagem ricas e estimulantes, e na participação ativa e em relações significativas com os outros.
Assim, este projeto tem como principal objetivo compreender de que forma o desenvolvimento de comunidades de aprendizagem transformativa, centradas na questão da diversidade facilita o desenvolvimento de uma escola inclusiva. Para tal, serão aprofundadas parcerias entre escolas e instituições do ensino superior (IES) no sentido de desenvolver CAT procurando-se examinar os processos de construção das próprias comunidades, e os efeitos que estas comunidades têm no desenvolvimento de escolas inclusivas.
Dada a natureza participativa deste projeto, adotamos uma abordagem de Design Based Research (DBR), valorizando o foco num problema concreto que as escolas enfrentam atualmente (inclusão educativa) e o desenvolvimento de uma proposta de intervenção (CAT que aprofundem a colaboração entre escolas e IES) para transformar e implementar processos de inovação educacional. Neste contexto o processo de design e reformulação interativa e cíclica, é fundamental para promover a aprendizagem transformativa, criar conhecimento utilizável e desenvolver teorias de ensino/aprendizagem contextualizadas em ambientes escolares complexos.

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